O Fórum das Seis – que representa as entidades sindicais e estudantis da Unesp, Unicamp, USP e Centro Paula Souza – repudia a flagrante manipulação de dados pela Rede Globo de Televisão, com o evidente intuito de atacar o funcionalismo público brasileiro.
Em matéria de 10/8/2020, o Jornal Nacional criticou os gastos com o funcionalismo público, comparando-os ao que é investido nas áreas de saúde e educação no país. A manipulação dos dados ficou evidente para jornalistas experientes como Luísa Fragão, da Revista Fórum1, Luís Nassif e Maíra Kubik.
Na reportagem, são utilizados dados do Instituto Millenium, que tem como um de seus fundadores o atual ministro da Economia Paulo Guedes, conhecido pela prática de arremessar “granadas” ao bolso das/os servidoras/es públicas/os, a quem qualifica de “inimigos”. Ao lado de um gráfico que aponta um gasto de 13,9% do Produto Interno Bruto (PIB) com o pagamento de salários do funcionalismo em 2019, a matéria estampou um outro, para pretensa comparação, que mostra investimentos de 6% em educação e 3,9% em saúde no mesmo período. Na mesma reportagem, a Globo também defendeu a reforma administrativa, que visa a retirada de mais direitos dos servidores e a diminuição da participação do Estado nos serviços públicos, como é o caso, justamente, das áreas de saúde e educação.
“Não é possível contrapor salários de servidores com gastos com Saúde e Educação. Como se fosse possível ter aula sem professores e hospitais sem médicos, enfermeiros etc.”, ironizou a jornalista e professora Maíra Kubik.“É como se gastos com professores e profissionais da saúde não significassem gastos do setor”, afirmou Luís Nassif.
Em março deste ano, a revista Piauí publicou reportagem que traçou um retrato do funcionalismo público brasileiro, mostrando um quadro muito diferente das “fake news” criadas pelo governo e repetidas pela Rede Globo. Segundo a revista: “O Brasil tem 11,4 milhões de postos de trabalho no setor público, grande parte em áreas sociais – apenas na saúde e na educação municipais, são 2,6 milhões de vínculos trabalhistas. Metade dos servidores ganha menos de R$ 2,7 mil por mês – antes dos descontos.”
A reportagem do Jornal Nacional, não por acaso, omitiu um dos principais aspectos nessa discussão: o teto de gastos. Aprovado no governo de Michel Temer, por meio da Emenda Constitucional nº 15, em dezembro de 2016, o teto “proíbe” o governo federal de investir nos serviços públicos mais do que o valor do ano anterior corrigido pela inflação.
Válido por 20 anos, o teto de gastos tem achatado cada vez mais os investimentos, por exemplo, em saúde e educação, na contramão de direitos e justas demandas da sociedade, em especial da maioria da população que depende exclusivamente dos serviços públicos. A pandemia de Covid-19 colocou em dramática evidência os resultados dessa política. Os setores que dela se beneficiam não perdem a ocasião para se valer de manobras como essa reportagem da Globo, que merece todo o repúdio da sociedade.
PELA VALORIZAÇÃO DOS SERVIDORES PÚBLICOS! PELO FIM DO TETO DE GASTOS!
São Paulo, 12 de agosto de 2020
Fórum das Seis Entidades