O que parecia óbvio e já sinalizava uma tragédia anunciada – a volta às aulas presenciais no pior momento da pandemia – finalmente foi revisto pela Superintendência do Centro Paula Souza nesta quinta-feira, 4/3/2021.
Por meio do Comunicado GDS 4/2021, a instituição informa que, devido à reclassificação de todo o estado para a fase vermelha, as aulas presenciais estão “suspensas temporariamente, a partir de 8/3/2021, devendo todas as unidades de ensino permanecerem no ensino remoto”. O documento diz, ainda, que a situação será reavaliada pela Administração Central no dia 19/3, “quando novas orientações serão encaminhadas”.
O Comunicado 4/2021 diz, também, que as turmas da Habilitação Profissional em Técnico em Enfermagem ficam liberadas para participação em campanhas de vacinação, bem como os estágios curriculares obrigatórios, “desde que consultados docentes e alunos, bem como os responsáveis pelos campos de estágio (hospitais, postos de saúde, entre outros)”. Se optar pela continuidade ou início destas atividades, a unidade deve contatar as equipes de Supervisão da CETEC para orientações.
O Sinteps, que vinha cobrando insistentemente a suspensão das atividades presenciais, considera correta a medida, mas chama a atenção para a situação dúbia em relação aos funcionários técnicos e administrativos. Segundo o documento, as ETECs e FATECs “deverão manter suas atividades diárias presenciais para atendimento aos serviços administrativos essenciais; para tanto, poderão organizar suas equipes em sistema de rodízio, e divulgar os horários de atendimento à comunidade escolar”.
A orientação é muito ampla e dá margem a todo tipo de abuso. Sabemos que há direções locais com bom senso, preocupadas com a segurança e a vida de todos, e que definirão como essenciais apenas os serviços indispensáveis e que não possam ser realizados remotamente. Mas também sabemos que há muitos que são mais realistas que o rei, alguns pequenos tiranos, que não prezam pelo respeito à vida, determinando presenças desnecessárias.
Sinteps orienta: Não arrisque sua vida
Se forem forçados ao trabalho presencial sem que isso absolutamente indispensável, os servidores técnicos e administrativos devem reagir, aderindo à GREVE SANITÁRIA convocada pelo Sindicato. Ou seja, devem recusar o trabalho presencial e seguir no remoto. Para isso, a orientação é baixar a declaração de adesão à greve, preenchê-la e enviá-la à direção da unidade, com cópia para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. A vida vem em primeiro lugar.
Números são dramáticos
A postura negacionista e genocida do governo federal – o presidente da República pediu para a população deixar de “mimimi” no dia em que quase duas mil pessoas morreram pela Covid-19 – merece repúdio e indignação.O país já acumula 260 mil mortos, sendo mais de 60 mil no estado de São Paulo, com números subindo nos últimos dias.
Neste cenário, a passagem de todo o estado para a fase vermelha a partir de sábado, 6/3, anunciada pelo governador João Doria em entrevista coletiva no dia 3/3, era o mínimo a ser feito.
Porém, apesar da iminência de uma catástrofe sanitária– a maioria dos municípios paulistas está próxima ou já atingiu os 100% de ocupação nos leitos de UTI – Doria e o secretário da Educação, Rossieli Soares, não incluíram as escolas na medida.
A manutenção das escolas abertas está em franca contradição com os apelos do próprio comitê de contingência do estado, formado por médicos e cientistas, que vêm reivindicando medidas duras contra a pandemia nas últimas semanas, e tambémcom as declarações do secretário da Saúde, Jean Gorinchteyn, e do presidente do Instituto Butantan, o médico Dimas Covas.
Como estamos vendo pela imprensa, os especialistas alertam para uma verdadeira catástrofe sanitária nas próximas semanas, se nada for feito. Mesmo no estado de São Paulo, o mais rico da federação, o sistema de saúde está próximo do colapso.
Neste sentido, o Sinteps considera correta a posição adotada pela Superintendência do Centro, que finalmente usou a autonomia de que dispõe para suspender as aulas presenciais. O Sindicato espera que o bom senso siga prevalecendo e que todos os segmentos – professores, técnico-administrativos e estudantes – tenham seu direito à segurança preservados.