Após uma sequência de fatos lamentáveis nas unidades, nesta semana, com docentes grevistas sendo discriminados em Conselhos de Classe, a direção do Centro Paula Souza rompeu o silêncio e, depois de muitas denúncias e cobranças do Sinteps, sinalizou a disposição em negociar.
Além da ameaça de corte do ponto, lançamento de faltas injustificadas e até de abandono de emprego, a orientação dada às direções locais, para discriminar os docentes em greve sanitária, desconsiderando seu trabalho nos Conselhos de Classe, foi a gota d´água para transbordar a indignação dos trabalhadores que, desde 2 de agosto, defendem condições sanitárias seguras para todas e todos: professores, auxiliares docentes, administrativos e estudantes. A situação gerou repercussão externa, inclusive, com o deputado Carlos Giannazi (PSOL-SP) fazendo uma dura crítica na tribuna da Assembleia Legislativa (Alesp), em 6/10 (clique para assistir).
A proposta de acordo foi enviada ao Sindicato pouco antes do início de uma nova reunião do Comando Geral de Greve (CGG), na tarde de 6/10. Basicamente, propõe o pagamento de todos os dias trabalhados pelos grevistas (docentes e administrativos), o reconhecimento das atividades aplicadas remotamente no período de greve no que se refere às aulas dadas (menções, no caso das ETECs, e notas, nas FATECs), a retirada de faltas injustificadas e de quaisquer prejuízos ao efetivo exercício (carreira, progressão, aposentadoria etc.), além da “continuidade do cumprimento dos protocolos sanitários nas unidades de ensino, a fim de tranquilizar docentes e servidores administrativos no retorno às atividades presenciais”.
Em contrapartida, resumidamente, a direção do Centro pede o retorno às atividades presenciais de todos que se encontram “aptos, em conformidade com o Comunicado GDS 08/07/2021”, e o cancelamento da Ação Civil Pública movida pelo Sindicato, que se encontra à espera de julgamento no Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
Comando discutiu proposta de acordo
Na reunião da tarde de 6/10, o Comando Geral de Greve discutiu os fatos e a proposta de acordo do Centro. A avaliação unânime é de que a GREVE SANITÁRIA, passados dois meses e meio desde seu início, é vitoriosa por cumprir seus objetivos:
- Tornar público o debate sobre os riscos de retorno presencial enquanto a pandemia ainda não está sob controle, pressionando a instituição a cumprir os protocolos indispensáveis, como o fornecimento de EPIs;
- Explicitar os prejuízos pedagógicos aos alunos, causados pelo retorno presencial neste momento;
- Proteger a vida dos trabalhadores que aderiram à greve sanitária. Por dois meses e meio, puderam manter o trabalho remotamente, tempo necessário para que muitos, inclusive, tomassem a segunda dose da vacina, e para que a maioria dos estudantes tomasse ao menos a primeira dose.
- Os problemas que levaram à greve sanitária, em boa parte, ainda existem, uma vez que a pandemia ainda navega num mar de incertezas. Isso exigirá a continuidade da organização da categoria, sob orientação do Sindicato, para lutar pela mitigação dos riscos sanitários e prejuízos pedagógicos.
Feitas estas observações, os presentes à reunião do CGG (membros da direção do Sinteps e representantes dos comandos locais de greve) remeteram a decisão final para uma assembleia geral, a ser realizada no sábado, 9/10, às 10h em primeira chamada e às 10h30 em segunda, pelo link https://us02web.zoom.us/j/82945328570 . Clique para conferir o edital completo.
O CGG também discutiu alguns itens que a direção do Sinteps enviará à direção do Centro, com o objetivo de melhorar os termos do acordo proposto. Os detalhes serão expostos na assembleia de sábado.